segunda-feira, 2 de março de 2009

Trompe L´oeil

Naquele dia o cabelo dela parecia-lhe áspero, deixou de lhe tocar e ficou a observá-la. O sinal no queixo quebrava a harmonia, decidiu que não gostava dele. Talvez fosse por culpa dele que ela não era fotogénica, sempre que a via numa fotografia pensava que ela era mais bonita ao vivo. Hoje, ela parecia-lhe a fotografia. Também o corpo estava a duas dimensões, de tal forma que se sentia incapaz de o agarrar. Nem o peito, nem os glúteos lhe preenchiam as mãos, será que algum dia o tinham feito? Ela sorriu. Porque sorria ela? Porque tinha de o irritar daquela maneira? Não devia sorrir, ele não queria sorri-lhe de volta. Sorriu-lhe, num esgar perante a sua ironia. Tinha-se enganado e não era ali que queria estar. Sorriu.

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