sábado, 31 de janeiro de 2009

Ainda Shoppenhauer...

"É uma ilusão de voluptuosidade que faz brilhar aos olhos do homem a imagem falaz de uma felicidade soberana nos braços da formosura que a seu ver nenhuma outra criatura humana iguala; a ilusão ainda, quando supõe que a posse de um único ser no mundo lhe assegura uma felicidade sem medida e sem limites."

Pensamento Inteligente

O Robert Kagan nunca tem razão. Embora às vezes pareça que sim.

Honors to... The Stranglers

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Contos do Vestido Preto II

À medida que conduzia, a mesma pergunta ressoava: Seria capaz de o reconhecer?
E se não conhecesse? Não seria isso bom? Não seria isso uma mostra da sua indiferença? Ou seria apenas mais uma arma para construir a fantasia? Nas avenidas, os semáforos altos pareciam pender do céu, a chuva tornava tudo desconexo. Os pensamentos atabalhoados sucediam-se, e se se perdesse? E se não conseguisse lá chegar? Nos últimos tempos, todos os planos que fazia eram contrariados, sempre que pensava que tinha desistido dos planos, via uma intenção contrariada. Seria, afinal, possível viver sem planear? Sem desejar? Sem esperar? Era esse o maior desafio que tentava superar.
À medida que conduzia por caminhos que não conhecia, mas que já não a assustavam, lembrava-se de todas as vezes que tinha equacionado o suicídio. Não sabia dizer se o tinha ponderado de forma consciente, achava que sim. Era recorrente o pensamente de guinar o volante contra um qualquer separador central, puxar o travão de mão, acelarar de olhos fechados. Talvez o melhor fosse não chegar. Talvez o melhor fosse não se despedir. Talvez o melhor fosse não tirar nunca mais o vestido preto.

Metafísica do Amor

"Satisfeita a paixão, todo o amante experimenta uma estranha decepção; admira-se de que o objecto de tantos desejos apaixonados só lhe proporcione um prazer efémero, seguido de um rápido desencanto. Esse é, de facto, em comparação com os outros desejos que agitam o coração do homem, como a espécie é para o indivíduo, como o infinito é para o finito..”

Schopenhauer (1788-1860) In Metafísica do Amor

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Contos do Vestido Preto

Sabia que aquele era o dia. Ainda não acreditava profundamente na força do ritual, mas seguia-o. A cada passo, mais segura.

Tinha cortado o cabelo. Curto como na infância. As unhas vermelhas cortavam a inocência de vermelho. A maquilhagem, os sapatos pretos, tudo tinha um sentido. Em cima da cama, o Vestido Preto.
Cada gesto era demorado para que se pudesse lembrar de tudo no dia em que o quisesse recordar.
Seria a última vez que o via. A solenidade da ocasião era ridicularizada por uma questão recorrente: Ainda se lembrava das suas feições?
Os traços que já não eram seus estavam agora desfeitos. Ia despedir-se de alguém que já não existia. talvez nunca tivesse existido. Será que ele tinha razão?

Para que me escrevas...Depressa...

...tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdoo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente mas profundamente colérica, como a maioria dos pacientes. As pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdoo de antemão. Gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade se as ofensas saem da minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado?...

(C.L.)

My body is cage...

"My body is a cage

We take what we’re given

Just because you’ve forgotten

Doesn’t mean you’re forgiven"

(A.F)


This Mess We´re In (Tom & PJ)

domingo, 11 de janeiro de 2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Clarice

Queria ela a salvação? A dor fora ancilosada e paralisada dentro do seu peito, como se ela não quisesse mais usá-la como forma de viver. Mas essa preocupação - vinda depois de Ulisses - não era ainda a que a salvaria: pois em lugar da dor, nada viera senão a parada da vida dos sentimentos. Se era a salvação que ela esperava de Ulisses, isso seria pedir tanto e tão grande que ele negaria? Ela nunca vira ninguém salvar o outro, então temia uma aproximação que só faria desiludi-la na confirmação de que um ser não transpassa o outro como sombras que se trespassam.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Apesar de

uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. apesar de, se deve comer. apesar de, se deve amar. apesar de, se deve morrer. inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009