Sabia que aquele era o dia. Ainda não acreditava profundamente na força do ritual, mas seguia-o. A cada passo, mais segura.
Tinha cortado o cabelo. Curto como na infância. As unhas vermelhas cortavam a inocência de vermelho. A maquilhagem, os sapatos pretos, tudo tinha um sentido. Em cima da cama, o Vestido Preto.
Cada gesto era demorado para que se pudesse lembrar de tudo no dia em que o quisesse recordar.
Seria a última vez que o via. A solenidade da ocasião era ridicularizada por uma questão recorrente: Ainda se lembrava das suas feições?
Os traços que já não eram seus estavam agora desfeitos. Ia despedir-se de alguém que já não existia. talvez nunca tivesse existido. Será que ele tinha razão?
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário