segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Carta de Recomendação
SAVE YOUR SOUL
Tell me lover, tell me where have you been
I've been sitting in this chair since half past ten
I've been wondering when you might just walk through the door
And now we'll sit and talk about it
You don't listen, you don't even try very hard
Your good intentions, well they don't seem to go very far
And now we're going tit for tat until somebody draws blood
But no one's gonna sleep tonight
Save your soul before it's too late
'Cause nothing's gonna change my mind
And nothing's gonna change your ways
Tell me lover, tell me where we went wrong
I'd beg forgiveness but I know that your will is strong
And there's the fact that you're the one that put someone on the side
No, no, no, no, no
There's no difference, those omissions and the sting of the past
Your indiscretion from the start determined if it would last
And now I'm standing on the verge of maybe drawing the line
And no one's gonna sleep tonight
Save your soul before it's too late
'Cause nothing's gonna change my mind
And nothing's gonna change your ways
(Nothing's gonna change my mind
Nothing's gonna change your ways
Nothing's gonna change my mind
Nothing's gonna change your ways)
Save your soul before it's too late
'Cause nothing's gonna change my mind
And nothing's gonna change your ways
(S.W.R.)
Tell me lover, tell me where have you been
I've been sitting in this chair since half past ten
I've been wondering when you might just walk through the door
And now we'll sit and talk about it
You don't listen, you don't even try very hard
Your good intentions, well they don't seem to go very far
And now we're going tit for tat until somebody draws blood
But no one's gonna sleep tonight
Save your soul before it's too late
'Cause nothing's gonna change my mind
And nothing's gonna change your ways
Tell me lover, tell me where we went wrong
I'd beg forgiveness but I know that your will is strong
And there's the fact that you're the one that put someone on the side
No, no, no, no, no
There's no difference, those omissions and the sting of the past
Your indiscretion from the start determined if it would last
And now I'm standing on the verge of maybe drawing the line
And no one's gonna sleep tonight
Save your soul before it's too late
'Cause nothing's gonna change my mind
And nothing's gonna change your ways
(Nothing's gonna change my mind
Nothing's gonna change your ways
Nothing's gonna change my mind
Nothing's gonna change your ways)
Save your soul before it's too late
'Cause nothing's gonna change my mind
And nothing's gonna change your ways
(S.W.R.)
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
O Vendaval
O vendaval passou, nada mais resta
A nau do meu amor tem outro rumo
Igual a tudo aquilo que não presta
O amor que me prendeu desfez-se em fumo
Navego agora em mar de calmaria
Ao sabor da maré em verdes águas
Ao leme, o esquecimento e a alegria
Vai deixando para trás as minha mágoas
P’ra onde vou, não sei
O que farei, sei lá
Só sei que me encontrei e que eu sou eu, enfim
E sei que ninguém mais rirá de mim
Junto da cais ficou a tua imagem
Mal a distingo, já desmaecida
Comigo a alegrar-me a viagem
Vão andorinhas de paz, de nova vida
Sigo tranquilo o rumo da esperança
Buscando aquela paz apetecida
Para ti eu fui um lago de bonança
E tu o vendaval na minha vida
A nau do meu amor tem outro rumo
Igual a tudo aquilo que não presta
O amor que me prendeu desfez-se em fumo
Navego agora em mar de calmaria
Ao sabor da maré em verdes águas
Ao leme, o esquecimento e a alegria
Vai deixando para trás as minha mágoas
P’ra onde vou, não sei
O que farei, sei lá
Só sei que me encontrei e que eu sou eu, enfim
E sei que ninguém mais rirá de mim
Junto da cais ficou a tua imagem
Mal a distingo, já desmaecida
Comigo a alegrar-me a viagem
Vão andorinhas de paz, de nova vida
Sigo tranquilo o rumo da esperança
Buscando aquela paz apetecida
Para ti eu fui um lago de bonança
E tu o vendaval na minha vida
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Sem Título
Às vezes parece que começas a perder. E perdes tudo. Não é um equívoco. Perdes, perdes tudo. E quando já não há nada a perder, é preciso que tudo surja como novo. Da vontade, da força, da determinação. Da esperança, que nos faz mais humanos que qualquer outra coisa.
E tudo renasce. Descobrimos os livros de novo, não os mesmos, ou até os mesmos. O vento. A paisagem. As pancadas nas mesas voltam a doer.
As pessoas voltam.
Não é um erro, nem presunçoso, achar que somos guerreiros.
Porque no fim, quando recuperamos tudo de nós, temos a reconquista.
E tudo renasce. Descobrimos os livros de novo, não os mesmos, ou até os mesmos. O vento. A paisagem. As pancadas nas mesas voltam a doer.
As pessoas voltam.
Não é um erro, nem presunçoso, achar que somos guerreiros.
Porque no fim, quando recuperamos tudo de nós, temos a reconquista.
'rêveries du promeneur solitaire'
«J’ai pensé quelquefois assez profondément; mais rarement avec plaisir, presque toujours contre mon gré et comme par force: la rêverie me délasse et m’amuse, la réflexion me fatigue et m’attriste; penser fut toujours pour moi une ocupation pénible et sans charme."
Jean-Jacques Rousseau
Rêveries du Promeneur Solitaire
Librairie Générale Française, Paris
Jean-Jacques Rousseau
Rêveries du Promeneur Solitaire
Librairie Générale Française, Paris
Há metafisica bastante em não pensar em nada
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Albero Caeiro
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Albero Caeiro
A Vida Vivida
Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho
Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da
noite imóvel
E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?
De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
Que se destrói à presença das fortes claridades
Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
E cuja forma é prodigiosa treva informe?
Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
Rio que sou em busca do mar que me apavora
Alma que sou clamando o desfalecimento
Carne que sou no âmago inútil da prece?
O que é a mulher em mim senão o Túmulo
O branco marco da minha rota peregrina
Aquela em cujos abraços vou caminhando para a morte
Mas em cujos braços somente tenho vida?
[...]
O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
o temor imperceptível na voz portentosa do vento
O bater invisível de um coração no descampado ...
que sou eu senão Eu Mesmo em face de mim?
Vinicius de Moraes
Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da
noite imóvel
E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?
De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
Que se destrói à presença das fortes claridades
Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
E cuja forma é prodigiosa treva informe?
Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
Rio que sou em busca do mar que me apavora
Alma que sou clamando o desfalecimento
Carne que sou no âmago inútil da prece?
O que é a mulher em mim senão o Túmulo
O branco marco da minha rota peregrina
Aquela em cujos abraços vou caminhando para a morte
Mas em cujos braços somente tenho vida?
[...]
O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
o temor imperceptível na voz portentosa do vento
O bater invisível de um coração no descampado ...
que sou eu senão Eu Mesmo em face de mim?
Vinicius de Moraes
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
UM HOMEM DISCRETO
"Deus lhe deu inúmeros pequenos dons que ele não usou nem desenvolveu por receio de ser um homem terminado e sem pudor."
Clarice Lispector
Para Não EsquecerRocco, Rio de Janeiro
Clarice Lispector
Para Não EsquecerRocco, Rio de Janeiro
domingo, 23 de novembro de 2008
Borges e eu
"Ao outro, a Borges, é que acontecem as coisas. Eu caminho por Buenos Aires e demoro-me, talvez já mecanicamente, na contemplação do arco de um saguão e da cancela; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo o seu nome num trio de professores ou num dicionário biográfico. Agradam-me os relógios de areia, os mapas, a tipografia do século XVIII, as etimologias, o sabor do café e a prosa de Stevenson; o outro comunga dessas preferências, mas de um modo vaidoso que as converte em atributos de um actor. Seria exagerado afirmar que a nossa relação é hostil; eu vivo, eu deixo-me viver, para que Borges possa urdir a sua literatura, e essa literatura justifica-me. Não me custa confessar que conseguiu certas páginas válidas, mas essas páginas não me podem salvar, talvez porque o bom já não seja de alguém, nem sequer do outro, mas da linguagem ou da tradição. Quanto ao mais, estou destinado a perder-me definitivamente, e só algum instante de mim poderá sobreviver no outro. Pouco a pouco vou-lhe cedendo tudo, ainda que me conste o seu perverso hábito de falsificar e magnificar. Espinosa entendeu que todas as coisas querem perseverar no seu ser; a pedra eternamente quer ser pedra, e o tigre um tigre. Eu hei-de ficar em Borges, não em mim (se é que sou alguém), mas reconheço-me menos nos seus livros do que em muitos outros ou no laborioso toque de uma viola. Há anos tratei de me livrar dele e passei das mitologias do arrabalde aos jogos com o tempo e com o infinito, mas esses jogos agora são de Borges e terei de imaginar outras coisas. Assim, a minha vida é uma fuga e tudo perco, tudo é do esquecimento ou do outro.Não sei qual dos dois escreve esta página."
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Às Putas
Um corpo que se vê como um templo, e que não deixa de ser despojado.
A pele suave de um corpo envergonhado que esconde a beleza que dá.
O templo é o meu, e a vergonha é a minha.
Quem espera para dar, quem acolhe o corpo.
Para ti, fui Puta.
Na ilusão de receber, na ilusão de Ser.
Não o fui, não fui mais que Puta.
Ao dar os meus segredos, ao dar-me a mim.
Em troca, o arremesso de que sempre fui eu a dar o corpo.
Fui eu que imaginei que não era Puta.
A pele suave de um corpo envergonhado que esconde a beleza que dá.
O templo é o meu, e a vergonha é a minha.
Quem espera para dar, quem acolhe o corpo.
Para ti, fui Puta.
Na ilusão de receber, na ilusão de Ser.
Não o fui, não fui mais que Puta.
Ao dar os meus segredos, ao dar-me a mim.
Em troca, o arremesso de que sempre fui eu a dar o corpo.
Fui eu que imaginei que não era Puta.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Se va
Anna Karina se va.
Deja a lo que conoce y se va.
Se va a descubrir un mundo mucho mayor que ella.
Se vuelve.
Se vuelve al genisis de todo. Al suyo.
Se vuelve donde no és su casa, pero donde pertenece.
Anna Karina se vuelve.
Deja a lo que conoce y se va.
Se va a descubrir un mundo mucho mayor que ella.
Se vuelve.
Se vuelve al genisis de todo. Al suyo.
Se vuelve donde no és su casa, pero donde pertenece.
Anna Karina se vuelve.
Lágrima
Não deixes que sequem numa camisola que não a tua.
Não deixes que sejam por uma dor que não é tua.
Não deixes que caiam.
Não deixes que a dor ou a tristeza tenham aparição física, não está aí o sentido.
O ser humano é composto por água. Não a desperdices, conserva-a.
Guarda-as. Nunca se sabe quando poderás vir mesmo a precisar delas.
Porque o amor em estado líquido, seca.
Não deixes que sejam por uma dor que não é tua.
Não deixes que caiam.
Não deixes que a dor ou a tristeza tenham aparição física, não está aí o sentido.
O ser humano é composto por água. Não a desperdices, conserva-a.
Guarda-as. Nunca se sabe quando poderás vir mesmo a precisar delas.
Porque o amor em estado líquido, seca.
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Findo ele
Esta noite, sou eu que me abandono.
Sou eu que deixo as mãos livres para que as agarres.
Sou eu. Só existo eu.
As carícias são no meu cabelo. Os beijos ficam no meu corpo.
Sou eu a menina.
Quase nego a tua existência que só sinto através de mim.
Hoje não és tu. Não há tu. Talvez haja nós... Ou para já, apenas eu.
Sou eu que deixo as mãos livres para que as agarres.
Sou eu. Só existo eu.
As carícias são no meu cabelo. Os beijos ficam no meu corpo.
Sou eu a menina.
Quase nego a tua existência que só sinto através de mim.
Hoje não és tu. Não há tu. Talvez haja nós... Ou para já, apenas eu.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Mãos
É a mão que se estende e que seguras. É a mão segura que se estende.
Cravas as unhas sem sentir.
É a salvação que chega, a única possível.
Depois da recusa é preciso aceitar.
Vem Lídia, vem sentar-te ao meu lado.
Deixa os outros. Deixa os sonhos. Deixa o futuro que jamais existirá.
A salvação é esta.
O supremo egoísmo de quem gosta através de.
Nunca sem intermediários. Que muitas vezes é o seu próprio corpo. É sempre.
Nunca agarres a mão. Espera que ela se estenda.
Não craves tu as unhas, deixa que elas se cravem em ti.
Cravas as unhas sem sentir.
É a salvação que chega, a única possível.
Depois da recusa é preciso aceitar.
Vem Lídia, vem sentar-te ao meu lado.
Deixa os outros. Deixa os sonhos. Deixa o futuro que jamais existirá.
A salvação é esta.
O supremo egoísmo de quem gosta através de.
Nunca sem intermediários. Que muitas vezes é o seu próprio corpo. É sempre.
Nunca agarres a mão. Espera que ela se estenda.
Não craves tu as unhas, deixa que elas se cravem em ti.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
São rosas senhor, são rosas...
São anjos que caem e a quem eu tiro as asas. Eu sou o anjo.
Os anjos não querem ser mártires. Não sou o anjo.
Destruo os anjos. Na volúpia de ocupar um espaço que fica, inevitavelmente, vazio.
Quero ser o anjo, mas os anjos não existem que para serem ignorados. E deixam de existir.
Não aceito os anjos.
E não deixo, não deixo que caiam. Não deixo que me guardem. Recuso. Vão-se embora! Vão-se embora que a minha doença não aparenta ter cura! Vão-se embora! Está tudo errado, eu não sou o anjo. Sou o demónio.
Os anjos não querem ser mártires. Não sou o anjo.
Destruo os anjos. Na volúpia de ocupar um espaço que fica, inevitavelmente, vazio.
Quero ser o anjo, mas os anjos não existem que para serem ignorados. E deixam de existir.
Não aceito os anjos.
E não deixo, não deixo que caiam. Não deixo que me guardem. Recuso. Vão-se embora! Vão-se embora que a minha doença não aparenta ter cura! Vão-se embora! Está tudo errado, eu não sou o anjo. Sou o demónio.
Para ti, nua...
Nua. Sempre me viste nua. Sempre me deixei a mim em ti, no despojo dos amantes...
Na modorra dos dias em que o que importa não é o tecido. Nua.
Da fragilidade, a maior força. Da fragilidade à maior dor.
No corpo se guarda e do corpo é preciso tirar. Raspar. Queimar.
Quando se deixam os artifícios, o que se perde é tudo.
Nua.
A minha mãe sempre me avisou para ter cuidado com os resfriados.
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